As barreiras para o exercício físico são consideradas como um factor negativo determinante na participação em programas de exercício físico (Weinberg e Gould, 2006). No entanto, nem sempre as barreiras são reais, por vezes são apenas uma percepção errada da realidade. Vejamos o caso da falta de tempo, o factor mais citado como barreira para a manutenção da prática regular de actividade física (Brownson, Baker, Housemann, Brennan, e Bacak, 2001; Tahara, Schwartz, e Silva, 2003; Weinberg e Gould, 2006; Canadian Fitness and Lifestyle Research Institute, 1996). O tempo necessário para realizar actividade física de forma regular e obter alguns benefícios para a maioria dos indivíduos, resume-se a 30 minutos diários de actividade física moderada a intensa em 5 ou mais dias por semana (Blair, La Monte, e Nichaman, 2004). Se o indivíduo optar por um tipo de actividade mais vigorosa, podemos até reduzir esse tempo a 90 minutos semanais. Claro que, a isso teremos de adicionar o tempo de deslocação e preparação da actividade. Ou seja, não é propriamente “demasiado tempo”. Talvez seja mais uma questão de gestão do tempo, de disponibilidade de equipamento ou instalações, ou de conhecimentos sobre actividade física.
As pessoas que vivem em áreas onde existem mais infra-estruturas para a prática de actividade física têm maior probabilidade de realizar actividade física moderada ou intensa em comparação com pessoas que residem em áreas onde há menos infra-estruturas (Addy, Wilson, Kirtland, Ainsworth, Sharpe, e Kimsey, 2004; Bourdeaudhuij, Sallis, e Saelens, 2003; Sallis, et al., 1990; Sharpe, Granner, Hutto, e Ainsworth, 2004) Tappe, Duda e Ehrnwald (1989), identificaram diferenças nas barreiras que impedem os estudantes do ensino secundário de se exercitarem. As barreiras fundamentais eram os constrangimentos de tempo, condições climatéricas inadequadas, escola e trabalho de escola e a falta de interesse ou falta de desejo. As barreiras mais importantes para a actividade física recolhidas num estudo realizado pelo Canadian Fitness and Lifestyle Research Institute, (1996), eram do tipo pessoal: falta de tempo (69%), falta de energia (59%) e falta de motivação (52%). Menos peso parecem ter as de índole social: ausência de um parceiro de treino (21%), programas insuficientes (19%) e ausência de apoio (18%) (ver Tabela 1). Estes resultados confirmam-se por outros autores como Brownson, Baker, Housemann, Brennan, e Bacak (2001), que mencionam a falta de tempo, sentir-se cansado, ter suficiente exercício no emprego e a falta de motivação para fazer exercício.
Tabela 1
Barreiras Para a Actividade Física
Barreira | Percentagem (%) | Tipo |
Grandes barreiras | ||
Falta de tempo | 69 | Pessoal |
Falta de energia | 59 | Pessoal |
Falta de motivação | 52 | Pessoal |
Barreiras moderadas | ||
Custo excessivo | 37 | Pessoal |
Doença/lesão | 36 | Pessoal |
Ausências de instalações próximas | 30 | Ambiental |
Sentir-se desconfortável | 29 | Pessoal |
Ausência de habilidade | 29 | Pessoal |
Medo de lesão | 26 | Pessoal |
Barreiras menores | ||
Ausências de locais seguros | 24 | Ambiental |
Ausência de cuidados para crianças | 23 | Ambiental |
Ausência de um parceiro | 21 | Ambiental |
Programas insuficientes | 19 | Ambiental |
Ausência de apoio | 18 | Ambiental |
Ausência de transporte | 17 | Ambiental |
Referências Bibliográficas
Addy, C.L., Wilson, D.K., Kirtland, K.A., Ainsworth, B.E., Sharpe, P., e Kimsey, D. (2004). Associations of perceived social and physical environmental supports with physical activity and walking behavior. American Journal of Public Health, 94, 440-443.
Blair, S., La Monte, M., e Nichaman, M. (2004). The evolution of physical activity recommendations: how much is. American Journal of Clinical Nutrition, 79, 913S-920S.
Bourdeaudhuij, I.D., Sallis, J.F., e Saelens, B. (2003). Environmental Correlates of Physical Activity in a Sample of Belgian Adults. American Journal of Health Promotion, 18, 83-92.
Brownson, R., Baker, E., Housemann, R., Brennan, L., e Bacak, S. (2001). Environmental and policy determinants of physical activity in the United States. American Journal of Public Health, 91, 1995-2003.
Canadian Fitness and Lifestyle Research Institute. (1996). Barriers to physical activity. Progress in prevention, Bulletin no. 2. Restaurado Julho 5, 2007, de http://www.cflri.ca/pdf/e/pip04.pdf.
Sallis, J., Hovell, M., Hofstetter, C., Elder, J., Hackley, M., Caspersen, C., et al. (1990). Distance between homes and exercise facilities related to frequency of exercise among San Diego residents. Public Health Reports, 105, 179-185.
Sharpe, P., Granner, M., Hutto, B., e Ainsworth, B. (2004). Association of environmental factors to meeting physical activity recommendations in two South Carolina counties. American Journal of Health Promotion, 18, 251-257.
Tahara, A., Schwartz, G., e Silva, K. (2003). Aderência e manutenção da prática de exercícios em academias. R. bras. Ci e Mov., 11, 7-12.
Tappe, M., Duda, J., y Ehmwald, P. (1989). Perceived barriers to exercise among adolescents. Journal of School Health, 3(4), 135-155.