De acordo com um estudo da Marsh, os clubes que disputaram a English Premier League – EPL, tiveram um total de 764 lesões na época 2018-19, tendo sido o número mais elevado nos últimos 8 anos, com um custo que duplicou nesse mesmo período de tempo, fazendo com que o custo médio de uma lesão seja de aproximadamente 295000€. Embora esse valor esteja muito relacionado com os elevados ordenados dos jogadores, vale o esforço investir em prevenção e aumento de potencial dos atletas.
Nessa temporada recente, foram disputados 380 jogos entre atletas cujo peso corporal oscilava entre os 54kg e os 97kg. Indivíduos que mesmo tendo níveis de força distintos, produzem acelerações e forças de impacto bem diferentes. Imaginem um futebolista com mais de 97kg a 20km/h a embater noutro jogador de 54kg. Ou o mais levezinho esquiva tipo toureiro do touro, ou vai correr mal 🙂
Os jogadores nessa temporada apresentavam estatura entre 167cm e 201cm. Outra variabilidade que coloca grandes desafios nos duelos, porque tem alguma relação com o peso corporal, com a distribuição dessa massa e com a posição de centro de gravidade, cabeça, cotovelos e segmentos corporais na generalidade.
A idade com maior prevalência de lesões em 18/19 foi a compreendida entre os 26 e os 30 anos com 374 ocorrências. Em indivíduos dos 21-25, ocorreram 217 lesões. A média de idade dos atletas era de 27 anos e 67 dias que do ponto de vista teórico é o período onde se tem o maior potencial em termos de força, no entanto, se verificarmos modalidades onde praticamente se testa força, como o powerlifting, os 40 anos apresentam valores mais interessantes desse ponto de vista.
Em 2018-19 a equipa com menos lesões foi o Wolves com apenas 11, enquanto no topo estava o Manchester United com 63. Os meses com mais ocorrências foram dezembro/janeiro. Isto poderá indicar a influência de alguns aspectos climáticos e outros relacionados com os terrenos de jogo. Os defesas tiveram o maior número de lesões (285), seguidos dos centrocampistas (249), avançados (202) e guarda-redes com apenas 28 ocorrências.
Quando olhamos para aqueles que são considerados os dois melhores jogadores da última década, verificamos que Messi efetuou 618 jogos pelo Barcelona e Argentina; Ronaldo 571 pelo Real Madrid, Juventus e Portugal. Outros jogadores que recordamos como capazes de efetuar um número impressionante de jogos foram Frank Lampard com uma média de 50 jogos em cada um dos mais de 20 anos de carreira e Luis Figo que em 18 temporadas ao mais alto nível, efetuou mais de 45 jogos por temporada. Recordam muitas lesões nestes indivíduos? Mas talvez se recordem de notícias sobre a sua ética de trabalho fora do campo, fora do grupo e fora de horas. São de facto atletas a estudar e entrevistar. Haverá predisposição genética? É possível, porque somos 25 a 30% herança de nossos pais, tudo o resto são fatores ambientais. A sua apurada técnica de execução, a sua movimentação, a gestão de energias durante os encontros, podem ajudar a explicar. Mas estes craques são também dos mais massacrados nos duelos, sofriam muitas faltas, mas… Segundo os seus companheiros e treinadores, são/eram dos que mais treino individual extra faziam.
Voltando aos dados da English Premier League de 2018-19, as zonas corporais mais afetadas por lesão, foram as seguintes:
- 114 lesões de joelho com uma média de 58 dias de duração cada;
- 108 lesões de isquiotibiais 32 dias;
- 70 tornozelo, 40 dias;
- 66 por doença, 11 dias;
- 66 Lesões menores (knock), 18 dias;
- 54 lesões de virilha, 25 dias;
- 52 anca/coxa, 22 dias;
- 40 pé, 51 dias;
- 36 gémeos, 29 dias;
- 32 costas, 24 dias;
Muitas das lesões ocorrem por traumatismos que uma melhor técnica pode evitar, que mais força em todos os ângulos articulares, pode suportar, que melhores equilíbrios entre a parte superior e inferior do corpo, os músculos de puxar/empurrar, podem ajudar e que a relação de forças anteriores/posteriores, mediais/laterais podem evitar.