A fim de se prepararem para o ambiente competitivo, parece-me que as equipas amadoras e sobretudo profissionais, deveriam fazer mais treinos à porta aberta, para aumentar o compromisso, controlar ansiedade, diminuir stress e terem um desempenho em jogo similar ao dos treinos nos quais alguns treinadores tanto ênfase dão nas conferências de imprensa quando se referem aos PROCESSOS.
Assisti a muitos treinos de Tomislav Ivic e Bobby Robson nas Antas, com muito público, com um ambiente mais próximo daquele que os atletas têm em jogo. Recordo inclusive ter presenciado a um treino após um jogo menos conseguido por parte da equipa liderada por Sir Robson. A presença de público interferia nitidamente no desempenho e no desenrolar dos exercícios de treino.
Só a exposição progressiva a todos os agentes stressores, poderá desenvolver nos jogadores, habilidades para lidar com as situações que eles inicialmente têm dificuldade em controlar. Não podemos preparar-nos para falar em público sem falar em público. Mas a exposição deverá ser progressiva. Na atualidade parece haver um grande desfasamento entre a pressão percebida de treino e de jogo.
Todos os que praticamos desporto de competição nos recordamos da diferença entre treinar e competir e das mudanças positivas e negativas nossas e de companheiros de equipa a quando dos jogos. Por muito que a visualização, a respiração diafragmática e a dissociação cognitiva proporcionada pela música ou palestras e momentos de humor nos possam ajudar, por muito que a mente humana tenha a capacidade de recriar mentalmente possíveis situações futuras com detalhe, vivenciar continua a ser distinto no estado emocional que gera em nós. Por isso, após um erro consciente cometido, uns querem uma nova oportunidade e outros não se querem expor outra vez.
Antes de serem futebolistas, são pessoas com as suas dimensões bio-psico-social a interagirem entre si.