Escola como preparação para a vida: pensamentos soltos

NOTA: os pensamentos que se seguem não são meus, mas foram registados no meu diário ao longo dos tempos; infelizmente não registei os autores, mas partilho porque considero estas reflexões brilhantes.

Na escola quem faz perguntas é o professor e só existe uma resposta certa. E na vida?

Na escola da vida o que nos move são as perguntas e não as respostas. É preciso saber perguntar para encontrar a resposta que nos levará onde queremos chegar. Mas ninguém nos ensinou a perguntar…

Na escola aprendes a lição e depois fazes o teste. Na vida, fazes o teste e depois aprendes a lição.

Se queres dominar algum conteúdo, ensina-o.

Se o propósito da educação é tirar uma boa nota num teste, então perdemos a visão da verdadeira razão para a aprendizagem.

Memorização não é aprendizagem.

Conhecimento é ter as respostas certas.
Inteligência é fazer as perguntas certas.
Sabedoria é saber quando fazer as perguntas certas.

Quando éramos professores de caderneta na mão…

Iniciei a minha carreira docente em 1995 numa escola com muitos desafios comportamentais na minha terra natal.

Reuníamos apenas no final de cada período letivo e apesar dos grandes desafios que os comportamentos dos alunos colocavam, foram raras as reuniões de carácter disciplinar adicionais.

Durante mais de uma década desfrutei do prazer de comunicar diretamente com pessoas e até passava grande parte do tempo a dar aulas ou a criar estratégias para aplicar imediatamente nas dinâmicas letivas.

Os registos de então, limitavam-se às famosas cadernetas de capa azul (que saudades!) para todo o tipo de reflexões de avaliação, comportamento e assiduidade; livros de ponto, livros de atas e pautas de avaliação de final de período. Se eu soubesse o quanto se iria adicionar a isto…

Incrível como os docentes portugueses (cuja maioria supera os 50 anos de idade) aderiram às tabelas em excel, aos planos e planificações com objetivos gerais, objetivos específicos, estratégias, metas, competências e mil e uma coisas mais. Chegamos em alguns dos anos que lecionamos a ter quase 85h de reuniões em 3 meses. Ou seja, muito tempo a planear e menos a executar. Grande mudança!

Há dois aspectos que me fascinam nisto tudo: a) a maioria da burocracia é auto-imposta pelos professores, seus grupos, departamentos e outros orgãos locais e não por qualquer legislação ou determinação do estado; b) tendo mais meios informáticos, estes deveriam trabalhar para nós, ao estilo robôs de fábrica. Mas não! Nós colocamos milhões de inputs e os outputs parecem solicitar mais inputs, tornando-se um ciclo que mais parece o scroll que o jovem aluno faz nas redes sociais durante a sua pesada estadia de mais de 30h semanais em qualquer ano de escolaridade do supostamente vanguardista ensino atual.

Logo eu que tanto gosto de computadores, eu que adoro as possibilidades que a internet me deu, começo a ter saudades das cadernetas azuis, para que me venham libertar e permitir de novo liderar pessoas em vez de gerir coisas. Enquanto isso, em vez de leccionar continuo a “grelhar”, num portátil qualquer.