Motor-Humano

Treinos honestos para pessoas reais!

Estás farto de mudar exercícios, séries e repetições, mas os clientes não mudam significativamente os resultados e continuam a treinar apenas uma vez por semana. Talvez fosse melhor desenvolveres e alterares outras competências como treinador. A comunicação eficaz é a base do treino pessoal bem-sucedido. No entanto, não se trata apenas das palavras que usamos, mas também de como usamos o nosso corpo para transmitir mensagens. A comunicação não verbal permitirá conseguir mais clientes, manter esses clientes e influenciar outras pessoas à nossa volta para que nos recomendem.

Teoria das Emoções Básicas, Ressonância Neural e a Teoria 7-38-55

A teoria das emoções básicas sugere que certas emoções são inatas e universais, desencadeando comportamentos com alto valor de sobrevivência (Burton, 2016). A ressonância neural, por outro lado, refere-se à atividade cerebral que ocorre quando observamos as ações de outras pessoas, ajudando-nos a entender suas ações (Limanowski, 2012). A teoria mais divulgada sobre a comunicação, talvez seja a 7-38-55, proposta por Albert Mehrabian, sugere que 7% da comunicação é verbal (as palavras que dizemos), 38% é vocal (o tom e a velocidade com que falamos) e 55% é não-verbal (nossa linguagem corporal e expressões faciais).

Proxémica: O Espaço Entre Nós

A proxémica refere-se ao uso do espaço na comunicação. Por exemplo, um treinador pessoal que esteja demasiado perto pode fazer com que um cliente se sinta desconfortável, por outro lado, estar demasiado longe pode fazer com que se sinta negligenciado. Compreender as 4 zonas principais: íntima (do toque aos 46cm, aproximadamente), pessoal (46cm a 122cm), social (122 a 366) e pública (acima de 366). Importante:

  • Devemos ter muito cuidado para não invadir o chamado espaço íntimo (aqueles 50cm em redor da outra pessoa).
  • Respeitar diferenças culturais.
  • Observar sinais não verbais por parte dos clientes que denotem desconforto com a nossa presença.
  • Quando em dúvida, perguntar ao cliente.
  • Ser consistente, gera confiança do outro lado.
  • Muito cuidado com o toque.
  • Manter uma distância apropriada enquanto demonstra uma rotina de exercícios, garantindo uma boa visibilidade e conforto pessoal.

Cronemia: É Uma Questão de Tempo

A cronemia é o estudo de como o tempo afeta a comunicação. Por exemplo, um treinador que fornece feedback no momento certo pode melhorar significativamente o desempenho de um cliente. No fundo, mais do que contar repetições, devemos dar feedback no momento presente, conforme a pessoa vai efetuando o movimento. Expressões como: – Mais devagar! Mais abaixo! Segurar! Joelhos fora! Descer! Ombros! Frases curtas muito relacionadas com objetivos de tarefa em vez de objetivos de resultado.

Cinésica, Postura e Gestos: A Linguagem do Corpo

Os movimentos corporais (cinésica), a postura e os gestos são poderosos sinais não-verbais. Um treinador, pode demonstrar a postura correta para um agachamento, usando o seu corpo como um guia visual no caso de ser um bom executante. Ou simplesmente entrar no campo visual do aluno para demonstrar parte do movimento ou uma postura chave.

Háptica: Tocar

A háptica, ou o uso do toque na comunicação, pode ser uma ferramenta sensível mas eficaz. Recordamos que estamos a entrar no espaço íntimo do indivíduo. Um toque leve para corrigir. Um braço estendido para limitar a amplitude de movimento, podem ser úteis… Mas muito cuidado nos locais a tocar. Usar as costas da mão. A mão com os dedos completamente estendidos e unidos, será bem diferente do que a mão e dedos posicionados como quando damos um carinho. Cuidado!

Contato Visual, Espaço e Ambiente: Preparando o Palco

O contato visual pode estabelecer uma conexão e manter um cliente envolvido na atividade. Um contacto moderado e não “invasivo” poderá ajudar a interferir positivamente no treino. A forma como o treinador e o cliente se movimentam no espaço de treino ou se posicionam em relação aos objetos em redor, à paisagem ou outras pessoas, torna-se importante porque pode perturbar ou manter o foco, pode ajudar a relaxar ou manter a tensão, pode gerar mais confiança quando o cliente está a treinar. O ambiente e os objetos interferem na comunicação. Convém estar atento. Todas as pessoas que passam em redor, retiram uma perceção daquilo que está a ocorrer, mesmo que não fales para elas.

Recorda: quando estás a treinar ou a dar treinos, estás em palco!

Aparência Física e Odores: As Primeiras Impressões Contam

A aparência física e os odores podem enviar sinais não-verbais fortes. Um treinador que se veste de forma profissional e mantém uma boa higiene, transmite uma mensagem de competência e respeito pelos seus clientes. Convém verificar esses aspectos com bastante frequência durante um conjunto de treinos. Também recomendamos que o calçado seja somente usado no local de treino, mantendo um aspecto novo. Ter uma muda de roupa, material de duche e de higiene oral, também são ferramentas profissionais importantes.

Mensagens Involuntárias: As Coisas Que Não Dizemos

Mesmo os sinais involuntários, como as expressões faciais ou o tom de voz, podem comunicar imenso. O tom entusiástico e as expressões faciais positivas de um treinador podem mudar as sensações no cliente e a sua motivação para o treino.

A comunicação não-verbal é uma ferramenta poderosa no treino pessoal. Ao compreender e usar eficazmente estes sinais não-verbais, os treinadores podem melhorar as suas habilidades de comunicação e melhorar as experiências dos seus clientes.

Resumindo:

  1. Esteja atento ao espaço pessoal (proxémica) durante as sessões de treino. Cuidado para não invadir o espaço íntimo.
  2. Sincronize bem o seu feedback (cronémica) para melhorar o desempenho do cliente. Foco na tarefa!
  3. Use a sua linguagem corporal (cinésica, postura, gestos) para fornecer sinais visuais claros.
  4. Use o toque (háptica) de forma apropriada. Na maioria dos casos: evite tocar!
  5. Esteja ciente das mensagens involuntárias e esforce-se por ter consistência na comunicação.

Sincronizar conteúdo verbal com não verbal de forma natural e no momento adequado exige treino. Temos de aplicar, aplicar, aplicar!

Se gostou deste artigo e quer aprender mais, subscreva!

Referências

Burton, N. (2016). What Are Basic Emotions? Disponível em: What Are Basic Emotions? | Psychology Today

Limanowski, J. (2012). How You Feel What Another Body Feels. Disponível em: How You Feel What Another Body Feels | Scientific American

Sobre

Motor-Humano é uma newsletter criada em 1998 para ajudar pessoas do mundo real com problemas de stress, sono, vida ocupada e pouco tempo para treinar. Usamos treinos e exercícios que resultam há mais de 100 anos com pessoas de genéticas variadas e estilos de vida muito diferentes. Se estás farto de ser enganado pela indústria do fitness, pelas dietas rápidas, treinos milagrosos, suplementos vindos da selva ou elásticos coloridos e outras geringonças… Então aqui vais encontrar soluções que resultam para os teus problemas. SUBSCREVE!